quinta-feira, 15 de abril de 2010

Vídeo-vigilância inteligente

Quem passa todos os dias por câmeras de vigilância não costuma saber, e às vezes sequer imaginar, o que é feito com as imagens captadas ou, ainda, de que forma elas são processadas e analisadas - ou se são realmente vistas e analisadas. Como experiência própria, ao aplicar questionários da pesquisa sobre vigilância promovida pelo prof. André Lemos, pude perceber que a grande maioria não fazia nem ideia de como funcionava o sistema de câmeras. Algumas pessoas, inclusive, diziam imaginar que tais câmeras não funcionavam, estando ali apenas para manter uma ilusão de segurança.

O que quero demonstrar é o seguinte: as pessoas costumam saber da existência das câmeras, mas não fazem ideia de como funciona o sistema que as coordena. Por isso, muitas vezes assustam-se quando descobrem sofisticados métodos de vigilância. Um exemplo é a vídeo-vigilância inteligente.


Em um post no blog, Fernanda Bruno reflete um pouco sobre a utilização desse tipo de vigilância, relacionando monitoramento e comportamento. As “smart cameras” ou “intelligent video surveillance” utilizam-se de softwares para automatizar uma busca e destaque de comportamentos, objetos e movimentações suspeitos. Assim, em meio a diversas cenas, de diversas câmeras, espalhadas em algum ambiente, pode-se destacar possíveis atitudes suspeitas. Exemplo: um homem parado muito perto dos trilhos do metrô, já passando da faixa de segurança, pode acionar o sistema e ressaltá-lo como um possível suicida - algo, infelizmente, não muito incomum de acontecer em estações de metrô.

Uma melhor definição de smart cameras, em termos mais técnicos:
Intelligent  visual surveillance  systems  deal with the real-time monitoring of persistent and transient objects within a specific environment. The primary aims of these systems are to provide  an automatic interpretation  of scenes and to understand and predict the actions and interactions of the observed objects based on the information acquired by sensors. (Intelligent distributed video surveillance systems, Sergio A. Velastin, Paolo Remagnino, Institution of Electrical Engineers, 2006, p. 1)"

Segundo Fernanda Bruno, assim como os operadores de vídeo-vigilância, que acabam tendo um excesso de imagens e escassez de atenção, a sociedade contemporânea mostra-se motivada a criar mecanismos de filtragem. Portanto, tais tipos de câmeras mostram-se como uma necessidade atual ao se tratar de vigilância através de câmeras. Assim, "as smart cameras e seus sensores encarnam um tipo de poder e conhecimento sobre corpos, comportamentos e modos de habitação do espaço, que os monitora à distância, transformando em informação suas ações no espaço físico".

É fácil perceber, portanto, como as câmeras de vigilância podem funcionar como controladoras do espaço, registrando movimentos, interações e, inclusive, criando perfis de comportamento. Ou seja, acaba-se por ter constantemente um necessidade de controle do comportamento da população em espaços públicos.

Veja mais sobre o assunto no post de Fernanda Bruno

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